sábado, 1 de junho de 2013
Havia, há muitos e muitos anos, um rei muito ganancioso que vivia em um
lindo palácio. O rei, com uma ambição sem limites, oprimia seu povo,
que via-se obrigado a trabalhar e trabalhar para cobrir as despesas reais. Os impostos e taxas altíssimas fazia com que o povo fosse muito pobre, contrastando com a riqueza de seu soberano.
Dentre os tesouros do rei, havia aquele que ele considerava seu bem mais valioso. Ele havia
roubado, muitos anos antes, três pequenas pedras, donas de enorme
poder. As pedras eram mágicas, e poderiam realizar quaisquer desejos que
seu dono fizesse. O rei orgulhou-se em ter estas pedras durante muitos
anos.
Um dia, chegou aos ouvidos do rei a notícia de um grande
tesouro culto. Este tesouro encontrava-se muito longe dali, era
protegido contra invasores. Sua fortuna, diziam, era de valor
inigualável. O rei, no momento em que soube deste tesouro, quis tê-lo
para si. Resolveu, então, sair numa expedição em busca dele. Sabendo que
enfrentaria perigos e adversidades no meio do caminho, pegou suas três
pedras mágicas, como garantia de que conseguiria chegar ao lugar de destino.
O rei pôs-se a viajar e, logo no primeiro dia, viu-se obrigado a usar uma
de suas pedras. Havia, no meio da estrada, um enorme abismo. O rei não
seria capaz de pulá-lo, e contorná-lo adiaria sua viagem em semanas.
Pegou, então, uma de suas pedrinhas e ordenou:
- Que seja construída uma ponte para que eu atravesse o abismo em segurança.
Mal o rei acabou de pronunciar as palavras, zimpt! A
ponte surgiu em sua frente, ligando os dois lados do abismo. O rei
atravessou a ponte com calma e em minutos estava do outro lado,
satisfeito de ter tido seu desejo atendido.
O rei caminhou durante
o resto do dia. Ao cair da noite, exausto, o rei queria descansar. Como
era, além de tudo, preguiçoso, não levou os itens suficientes para
montar um acampamento. O rei não estava preocupado com isto. Pegou a segunda pedra e ordenou:
- Que seja construída uma confortável tenda, com comidas e bebidas, cama quente e travesseiros macios para eu repousar.
Na mesma hora, zimpt! Num passe de mágica, estava armada a barraca, com um banquete à espera do rei e uma enorme cama rodeada de travesseiros.
O rei sorriu, comeu e bebeu tudo o que tinha vontade e então deitou na
cama. Adormeceu na mesma hora,e só levantou quando o sol já brilhava
alto no céu.
O rei continuou andando durante todo o outro dia, até que deparou-se com um enorme palácio. Um palácio que era dez vezes maior que o seu, tinha as paredes feitas em ouro e as janelas cravejadas de brilhantes.
- 'É aqui', o rei pensou. ' Só pode ser!'
Os olhos do rei brilhavam. O palácio era esplendoroso, e o rei pensava
que tomaria toda aquela fortuna para si. Aproximou-se do grande portão
de entrada e tentou empurrar a porta. Para sua surpresa, levou um
choque.
- 'O portão é enfeitiçado!', exclamou o rei. 'Eu preciso entrar para ver que tesouros este palácio esconde', pensou.
O rei pegou a última pedra mágica que tinha e disse:
- Que os feitiços que protegem este palácio se quebrem, para que eu possa nele entrar e conhecer seus tesouros.
Ouviu-se um ruído sem som, como uma cortina de papel que cai. Zimpt! O portão abriu-se devagar, permitindo ao rei entrar no palácio.
Quando atravessou o portão, o rei ficou maravilhado! A beleza externa
do palácio não era nada comparada ao seu interior. Ouro, diamantes,
peças em prata e cobre, luxuosas tapeçarias: o rei estava extasiado com
tamanha riqueza. Começou a pegar os diamantes e enfiá-lo em seus bolsos.
Separava as peças de ouro e prata, pensando em quão rico ficaria. Estava tão distraído contando a fortuna que não percebeu, no fundo do salão principal, uma pequena saída para outra sala.
O rei já havia pego todo o ouro que era capaz de carregar, os maiores diamantes e várias peças de prata. Estava pronto para retornar ao seu palácio quando, finalmente, percebeu a saída no fundo do salão principal.
- Que outros tesouros haverão ali? - o rei pensou. - Para estar escondido, deve ser algo ainda mais valioso! E, com sua ganância desmedida, atravessou a saída e entrou na outra sala.
Para sua surpresa, na outra sala não havia ouro, prata, diamantes.
Havia um pequeno ovo, em um altar, que tinha um leve brilho. E, na
frente deste ovo, uma gigantesca cobra para protegê-lo.
O rei enfiou as mãos no bolso, tentando pegar uma de suas pedras
mágicas. Mas ele já as tinha usado, não tinha mais nada que pudesse
protegê-lo. A cobra, rápida, deu um salto em direção ao rei. Bastou uma
pequena mordida para que o rei caísse frente à cobra, dormindo o mais profundo dos sonos.
Para sorte do rei, passava, neste momento, um anjo por ali. E, ao ver o
que acontecera, entrou no castelo para ajudar ao soberano. Com um sopro
mágico, o anjo transformou a cobra em uma pequena minhoca, ao mesmo
tempo em que o rei despertava de seu sono.
O rei, sempre ganancioso, levantou e correu para o ovo. 'Se este era o
único bem protegido em todo este palácio, deve mesmo ser de valor
inestimável', pensou. Pegou o ovo em suas mãos e... zimptzumptzamptzim! Um enorme clarão cercou o rei e ele caiu, tonto, no chão.
O anjo correu para acudi-lo. O rei estava aos prantos.
- O que eu fiz? O que eu tenho feito?
O grande
tesouro que o palácio escondia era mesmo o ovo. Só que seu valor não
estava em ouro ou prata. Aquele pequeno ovo era especial, era o ovo da
sabedoria. Tão logo o rei o teve em suas mãos, teve consciência de todo o
mal que fazia ao seu povo com sua ambição desmedida.
E assim foi que, com a ajuda do anjo, o rei voltou ao seu palácio.
Assim que chegou, distribuiu toda a sua riqueza a quem a merecia: o
povo.
Naquele reino distante, hoje, não há mais palácio luxuoso, rei
ambicioso. Há um soberano justo, e um povo feliz. Como deveria ser em
todos os reinos que existem por aí...
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