sábado, 3 de agosto de 2013
Era uma vez, em um reino distante, uma linda princesa chamada Isabela. Ela vivia sozinha no grande castelo, tendo como companhia apenas suas duas humildes criadas e seu pobre enuco particular.
Um dia, seu pai, rei da Maróvia, disse a seus conselheiros:
- Tenho que encontrar um marido para minha filha. Ela já tem 16 anos, as pessoas estão começando a comentar.
E assim, seus mensageiros saíram a procura de pretendentes para a princesa.
A princesa estava furiosa:
- Que droga! Papai quer que eu me case! Por quê?
-Calma, princesa, pode não ser tão ruim...- disse timidamente sua criada Julia.
- Como pode não ser tão ruim? Todos os príncipes que meu pai mandou são completos debilóides, que de príncipes só tem o nome!
- Chegou mais um candidato, princesa - anunciou sua criada Gabriella - E esse dessa vez parece bonito
- Que entre. Giovanni, traga o chá. Julia, os biscoitos.
*
Esse príncipe, dessa vez, não viera por vontade própria. Seu pai, rei de Lancelotiland, ao ouvir falar da riqueza da princesa, mandou seu filho ir encontrá-la em Maróvia.
Leonardo Lancelot (esse era o nome do príncipe) andou até o hall, acompanhado pela criada Gabriella.
- É meio pequeno esse lugar, não?
- Pequeno? - disse a princesa - Pois saiba que esse lugar é tão, ou até mais, confortável quanto o castelo do próprio rei de Sonserinópolis!
- Tudo bem, tudo bem, pequena princesa pavio-curto. Só fiz uma observação.
Os dois se sentaram na sala de estar. A princesa indagou:
- Então, veio por causa do anúncio de meu pai?
- Na verdade, sim.
- O que acha que tem para merecer casar comigo?
- Na verdade acho que não tenho nada, comparado a suas inúmeras posses e virtudes, eu...
- Ei, o que é isso na sua mão?
- Hein? Nada... - disse ele, escondendo a cola atrás do corpo.
- Bem...
- OK, você não quer se casar comigo...
- Não! Quero dizer, eu adoraria me casar com você, mas só te conheço há 20 minutos, gostaria de te conhecer melhor antes.
- Claro, eu entendo.
-Ótimo.
- Bem... Você já escolheu seu noivo?
- Acho que sim, não é difícil. 99,99% dos pretendentes tinham defeitos imperdoáveis, logo só sobra você.
- Espera aí, o que são "defeitos imperdoáveis"?
- Use a sua imaginação.
- Ah. Uh.
- Princesa, Princesa! - gritou esbaforida Julia, entrando na sala - Seu pai quer uma resposta sua agora!
- Diga ao rei que ela se casará com Leonardo Lancelot, príncipe de Lancelotiland - afirmou Leonardo, sem hesitar - O estaremos esperando essa semana para acertar o casamento e o dote.
"Como ele pode ser tão seguro? Nos tornamos noivos há 1 minuto e ele já marca um encontro com papai? Tô confusa" pensou Isabela
*
As semanas passaram-se rapidamente. Leonardo se revelou um experiente conversador e amigo. Claro que às vezes ele irritava (e como!), mas no resto do tempo era doce como um gatinho.
E que gatinho! Com o pai da princesa no castelo não dava para dar nem um abraço, quanto mais um primeiro beijo.
"Ela é tão linda," pensou Leo, um dia, no jantar "acho que vou acompanha-la em seu passeio matinal amanhã."
No meio da noite Isabela acordou, com sede. Desceu as escadas para pegar um copo d'água. Tinha sonhado com Leonardo naquela noite. Tinha que parar com isso, afinal ele só se casaria com ela por causa do dinheiro.. Não a amava. Mas ela o amava. Não aceitava, mas amava. Pegou o copo e foi para o quarto. Adormeceu ouvindo as suaves respirações do hóspede ao lado.
*
De manhã Leo acordou mais cedo do que todos. Não queria Isabela fugindo dele, como nos últimos dias. A acompanharia no passeio e veria o que rolava. Podia apostar suas ceroulas que ela ficaria furiosa com ele por um motivo qualquer. Era uma garota um bocado nervosa. E atrevida, diga-se de passagem. Uma vez ela o perguntou se já beijara outras mulheres. Diante da resposta positiva ela deu um meio sorriso e se afastou.
Seus pensamentos foram interrompidos pelo som de passos na escada
- Desculpe, pensei que a cozinha estivesse vazia.
-Tudo bem.
Céus, por quê ele tinha que estar no caminho dela, quando o que mais queria era ficar sozinha?
- Bem, eu tenho que ir
Andou até a porta. Ele a seguiu.
---------- 5 Minutos depois-----------
- Pare de me seguir.
- Não estou te seguindo.
- Então por que está andando exatamente atrás de mim?
- Ei, isso é algum crime?
- Não, mas me irrita.
- Sério?
- É.
- Beleza.
- Você é insuportável, sabia disso?
- Eu sei que você me ama.
- Claro, e os homens vão pousar na lua.
Ela se afastou com passos duros. Por quê ele a seguia? Talvez, ela pensou, desesperançosa, ele queria testar os nervos dela, para variar.
- OK, Lancelot, o que quer?
- Nada, só conversar.
- Sobre o quê?
- Não sei, talvez o fato que você não fala comigo há séculos, e nos casaremos em 2 semanas! O que houve?
- Não houve nada, eu só aceitei a verdade.
- Verdade? Que verdade?
- Você só vai se casar comigo pelo dinheiro, essa é a verdade.
- Isabela, eu nunca ouvi tanta anseira numa frase só. Não é por causa do dinheiro que sou seu noivo. Caso tenha esquecido, meu pai é rei de Lancelotiland. Pode ser até por causa do dinheiro que eu fui para cá, mas a coisa toda de casamento foi opção minha. A primeira vez que a vi, não aguentei nem mais um segundo, decidi ficar com você para sempre, a partir daquele minuto - Leonardo se aproximou de Isabela, seus rostos a apenas alguns centímetros de distância - Eu a amo, e...
- Cale a boca.
- Quê?
- Cale a boca. Você me conquistou no "anseira numa frase só".
Sem dizer uma palavra, os dois aproximaram os narizes. Se beijaram.
Leo movia os lábios lentamente. Sabia que era o primeiro beijo dela, e queria que fosse especial. Isabela acariciava sua nuca, totalmente embriagada de paixão. As mãos dele desceram até sua cintura, mantendo-a colada a seu corpo. Ficaram assim por um longo tempo, abraçados, com os olhos fechados.
- Seu pai deve estar se perguntando onde estamos - disse Leonardo, sério - Acho melhor voltarmos.
- Só mais um pouquinho... - ronronou Isabela.
- Vamos, antes que seu pai apareça com uma espada querendo me matar.
Isabela riu. A ideia do casamento, antes horrível, era agora um belo conto de fadas, e Leonardo era seu príncipe.

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