sexta-feira, 14 de junho de 2013

Certa manhã de inverno, uma formiguinha saiu para o seu trabalho diário.


 
Já ia muito longe a procura de alimento, quando um floco de neve caiu e prendeu o seu pezinho.
Aflita, vendo que não podia se livrar da neve, iria assim morrer de fome e frio, voltou-se para o sol e disse:
 

 
- Ó sol, tu que és tão forte, derrete a neve que prende o meu pezinho!
E o sol indiferente nas alturas, falou:
- Mais forte do que eu, é o muro que me tapa.
 

 

Olhando, então para o muro, a formiguinha pediu:
- Ó muro, tu que és tão forte, que tapas o Sol que derrete a neve, desprende meu pezinho.

 
 

E o muro que nada vê e muito pouco fala, respondeu apenas:
- Mais forte do que eu, é o rato que me rói!


 
Voltando-se então, para um ratinho que passava apressado,  a formiguinha suplicou:
- Ó rato, tu que és tão forte, que róis o muro que tapa o sol que derrete a neve, desprende meu pezinho.
 

 

Mas o rato, que também ia fugindo do frio, gritou de longe:
- Mais forte do que eu, é o gato que me come!


Já cansada, a formiguinha pediu ao gato:
- Ó gato, tu que és tão forte, que comes o rato, que rói o muro, que tapa o sol, que derrete a neve, desprende o meu pezinho.
E o gato sempre preguiçoso, disse bocejando:


- Mais forte do que eu, é o cão que me persegue! Aflita e chorosa, a pobre formiguinha pediu ao cão:
- Ó cão, tu que és tão forte, que persegues o gato, que come o rato, que rói o muro, que tapa o sol, que derrete a neve, desprende meu pezinho.


E o cão, que ia correndo atrás de uma raposa, respondeu sem parar:
- Mais forte do que eu, é o homem que me bate!
Já quase sem forças, sentindo o coração gelado de frio, a formiguinha implorou ao homem:
- Ó homem, tu que és tão forte, que bates no cão, que persegue o gato, que come o rato, que rói o muro, que tapa o sol, que derrete a neve, desprende o meu pezinho.

 
E o homem, sempre preocupado com o seu trabalho, respondeu apenas:
- Mais forte do que eu, é a morte que me mata.

 

Trêmula de medo, olhando para a morte que se aproximava, a pobre formiguinha, suplicou:
- Ó morte, tu que és tão forte, que matas o homem, que bate no cão, que persegue o gato, que come o rato, que rói o muro, que tapa o sol, que derrete a neve, desprende meu pezinho.
 
 
E a morte impassível, respondeu:
- Mais forte do que eu, é Deus que me governa!
Quase morrendo, então a formiguinha rezou baixinho:
 

 
- Meu Deus, tu que és tão forte, que governas a morte, que mata o homem, que bate no cão, que persegue o gato, que come o rato, que rói o muro, que tapa o sol, que derrete a neve, desprende meu pezinho.
 

 

E Deus então, que ouve todas as preces, sorriu, estendeu a mão, por cima das montanhas e ordenou que viesse a primavera
 


 
No mesmo instante, no seu carro de veludo e ouro, a primavera desceu por sobre a Terra. Enchendo de flores os campos, enchendo de luz os caminhos.


 
 

E vendo a formiguinha quase morta, gelada pelo frio, tomou-a carinhosamente entre as mãos e levou-a para seu reino encantado.
 


 

Onde não há inverno, onde o sol brilha sempre, e onde os campos estão sempre cobertos de flores!
 


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