sábado, 22 de junho de 2013
Era uma vez uma menininha chamada Verinha.
Ela morava numa casa que tinha um quintal muito grande, mas muito grande. Sua mãe gostava de plantar muitas coisas lá: verduras, alguns tipos de legumes, pés de milho e frutas, belos pés de frutas. 
Verinha adorava brincar e correr no quintal, subir pelas árvores,
chupar uvas, laranjas, mexericas e comer todos os moranguinhos que encontrava, ainda que estivessem verdes.
 
Sua mãe dizia: 
- Verinha, não coma os moranguinhos verdes, eles ficarão bem mais gostosos se você esperar que fiquem vermelhinhos. 
Mas ela nem ouvia, comia todos, os vermelhos, os amarelos e os verdinhos. Sua mãe dizia também:
 
 
 
 
- Verinha, não fique brincando no meio do milho, têm bicho menina! 
Mas ela nem ligava, corria e corria por entre os pés de milho.
 
 
Um dia, enquanto brincava  sob a parreira de uvas, resolveu mexer num velho tambor cheio de cinzas. E eis que ao encostar o corpo no latão, começou um Aiii, Aiiiiiiii, Aiiiiiiiiiiiiii, Aiiiiiiiiiiiii, que parecia que não tinha fim.
 
 Quantas lágrimas ela derramava!

Sua irmã correu para acudí-la, pegou-a no colo e perguntou: 
- O que foi, o que aconteceu Verinha? A Verinha não conseguia falar, só gritava, só chorava. E a sua irmã interrogava: 

- Foi uma cobra que te picou?
E a Verinha: 
- Aiiiiiiii, Nãaaaaaaooooo, 
- Foi uma aranha?
-  Nãaaaaaaaao. 
- Foi um escorpião? 
- Nãaaaaaaaao". 
- Então foi uma lacraia?
- Aiiiiiiiiii Nãaaaaaaaaao. 
- Então o que é que foi, Verinha?
- Fooooii, fooiii, foi uma taturana, uma taturana muito peluda que pegou o meu joelho, aiiiiiiiiii.

A irmã da Verinha, levou-a então prá casa,  aos gritos ainda, e todos apareceram: a mãe, as outras irmãs e todas as pessoas da  redondeza. 
 
Sua mãe logo foi buscar uma pomadinha, e foi passando, devagarinho, bem devagarinho.

Chorando mais mansinho agora, pois a dor ainda não tinha ido embora, e com o carinho de todos, a Verinha foi acalmando, acalmando.

E então lá naquela rua, sentada no muro da frente da casa, a Verinha ficou alegre de novo.
Pois recebeu todos os seus amigos e vizinhos, que passavam para ver o seu joelho vermelho e conhecer a história da terrível taturana roxa.
 


 
 

 
Esta história real, é uma das pérolas de minha infância.
Nem sei quantas vezes tive que contar para minha filha Nathalia, quando ela era pequenininha. 
Disputava com "Os 3 porquinhos", a hora da história, antes de dormir.

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