quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
Rapunzel
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Com muito cuidado e sem fazer barulho, apanhou um rapôncio e levou-o à sua mulher para que esta pudesse fazer a sopa. Esta ficou tão satisfeita com a sopa que no dia seguinte pediu mais. O marido um pouco assustado, foi novamente ao quintal da bruxa mas quando estava quase a passar o muro com um grande rapôncio nas mãos, a bruxa cruel apareceu e gritou, furiosa:
“Como te atreves a entrar na minha horta e a roubar-me os meus rapôncios?!
“Peço mil desculpas”, disso o homem, tremendo “mas a minha mulher está grávida e tem muitos desejos de comer sopa de rapôncios… e os seus são tão verdes e deliciosos que ela não consegue resistir…”.
A bruxa esboçou um sorriso e disse: “A tua mulher gosta assim tanto dos meus rapôncios?
“Sim, minha senhora” respondeu o marido.
“Pois muito bem, deixo-te levar todos os que quiseres, mas em troca quando o bebê nascer terás de mo dar!”
O homem, como morria de medo da bruxa, concordou com ela e assim que pode, correu para casa para junto da sua mulher.
Uns meses mais tarde, a mulher dá à luz uma linda menina. Assim que a bruxa soube, foi logo a casa do casal para levar a bebê com ela. O casal tristemente entregou a sua filha à bruxa com a esperança de poder vê-la todos os dias, pois viviam ao lado da casa da bruxa.
A bruxa, ao ter a menina no seu colo sorriu e disse:
“Chamar-te-ei Rapunzel!” e saiu rapidamente levando a menina para sua casa.
Durante doze anos Rapunzel e bruxa viveram juntas, numa vida tranquila e sem problemas. Um dia a bruxa olhou bem para a Rapunzel e falou baixinho:
“Estás a ficar uma mocinha muito bonita, com os teus longos cabelos dourados. Terei de te esconder do mundo, pois não tarda nada aparecerá alguém para te levar de mim!”. E assim foi. Rapunzel foi levada pela bruxa para o meio de uma floresta distante e colocou-a numa torre muito alta, sem portas nem escadas, onde só se via no topo da torre uma pequena janela.
Os anos passaram e Rapunzel transformou-se numa linda e jovem mulher cujos cabelos eram tão compridos que chegavam até ao chão que rodeava a torre. Aliás era pelos cabelos loiros e compridos da Rapunzel, penteados em tranças, que a bruxa subia todos os dias à torre para a visitar.
Uma linda manhã de primavera, Rapunzel estava à janela a cantar uma bela melodia quando um príncipe que passava por ali perto a ouviu. Admirado com tão bela voz, o jovem príncipe ficou curioso e seguiu a voz, até encontrar uma torre muito alta no meio da floresta.
“Que estranho… nunca tinha visto esta torre aqui, no meio da floresta. Tenho quase a certeza que ouvi alguém a cantar aqui dentro. Mas como é que posso entrar? Não vejo nem porta nem escada por onde subir!”.
Como já estava a ficar muito tarde, o príncipe decidiu regressar a casa. Mas como continuava muito curioso e encantado com aquela voz, decidiu voltar no dia seguinte.
Quando se aproximou da torre, viu uma estranha figura junto à torre que gritava “Rapunzel, Rapunzel, deixa cair as tuas tranças para eu poder subir!”. E logo a seguir, uma bela donzela de cabelos dourados apareceu à janela e lançou as suas tranças compridas pelas quais a bruxa subiu.
O belo príncipe, ainda espantado com o que via, pensou:
“Então é assim que se consegue subir à torre… Amanhã voltarei e tentarei a minha sorte!”.
E assim foi. De manhã muito cedo, o príncipe cavalgou até à torre e, imitando a voz da bruxa, disse: “Rapunzel, Rapunzel, deixa cair as tuas tranças para eu poder subir!”. Rapunzel ao ouvir está frase lançou imediatamente as suas compridas tranças e o príncipe rapidamente por elas subiu.
Quando Rapunzel viu o belo jovem, ficou um pouco assustada mas este sossegou-a, dizendo-lhe quem era e que tinha sido atraído pela sua bela voz. O príncipe ficou tão encantado com a Rapunzel que a partir daí, passou a visitá-la todos os dias.
Só que um dia, a bruxa apareceu mais cedo do que era costume, e viu o príncipe subir até à torre. Furiosa, jurou que se vingaria dos dois.
Assim que o príncipe foi embora, a bruxa chamou pela Rapunzel e subiu pelas suas tranças. Quando chegou lá acima, pegou numa tesoura e cortou as suas lindas e longas tranças, tirando Rapunzel da torre e abandonando-a no deserto.
“Aqui ficarás!” gritou a bruxa “onde ninguém te possa encontrar nem mesmo o teu príncipe amado!”. E continuou:
“Agora regressarei à torre para me vingar do teu querido príncipe”.
Rapunzel ficou desolada, e chorou amargamente a sua sorte e a do seu príncipe.
A bruxa regressou à torre e esperou pacientemente pelo rapaz. Quando este chamou por Rapunzel, a bruxa lançou as tranças que tinha cortado à menina e o príncipe, sem desconfiar de nada, subiu alegremente.
Qual não foi a sua surpresa quando em vez da Rapunzel, deu de caras com a bruxa. Esta, ao vê-lo, amaldiçoou-o e, empurrou-o torre abaixo. O príncipe caiu em cima de uns espinhos que, apesar de lhe terem salvo a vida, tiraram-lhe a visão.
A bruxa regressou a sua casa, muito satisfeita.
O príncipe cego, andou anos pela floresta perdido até que um dia, dando-se conta que se encontrava já fora da floresta, ouviu uma linda voz que imediatamente reconheceu!
Correndo em direção à voz, o mais rápido que pode, pois como estava cego, tropeçava em todas as pedras que se encontravam no caminho.
Rapunzel, ao vê-lo, correu na sua direção, chorando. Ao abraçá-lo, as lágrimas da Rapunzel inundaram-lhe o rosto e molharam os seus olhos cegos, que imediatamente se curaram. Finalmente estavam juntos e podiam ser felizes para sempre!
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